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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Jogos Olímpicos resgatam patriotismo britânico


09 de agosto de 2012 | 6h 30
O Estado de S.Paulo

OLIMPÍADA DE LONDRES

Com investimentos pesados, atletas da Grã-Bretanha batem recorde de medalhas

Jamil Chade - Enviado especial - O Estado de S. Paulo
LONDRES - Se não fosse pelo batalhão de seguranças, o príncipe Harry pareceria apenas mais um torcedor, vibrando e abraçando as pessoas ao seu lado quando a equipe britânica cruzou a linha de chegada na prova de ciclismo e deu a 11.ª medalha para o país apenas na modalidade. O abafado Velódromo se transformou no espelho de uma campanha vitoriosa dos atletas britânicos nos Jogos, acumulando o maior número de medalhas em 104 anos e gerando no Reino Unido um sentimento de euforia que alguns apontam só terem visto igual após a Segunda Guerra Mundial.
A Grã-Bretanha deve terminar os Jogos atrás apenas das superpotências Estados Unidos e China. Mas esportistas e dirigentes que conversaram com o Estado insistem que não foi apenas a torcida local que garantiu os bons resultados. "Esse foi um projeto de mais de uma década e que envolveu investimentos pesados", disse Andy Hunt, diretor de esportes do Comitê Olímpico Britânico.
Na prática, o dinheiro destinado ao esporte olímpico foi multiplicado por mais de cinco em doze anos. Para os Jogos de Sidnei, em 2000, o orçamento foi de 58 milhões de libras. Na ocasião, os britânicos somaram 28 medalhas. Para 2012, o valor destinado foi de 313 milhões de libras. Os resultados vieram: 48 medalhas, das quais 22 de ouro.
"Foi um projeto que começou em 2000, com investimento em todas as áreas", disse Hunt. Cerca de metade da verba veio justamente da renda da loteria. "Sem a loteria, eu não existiria", disse a ciclista Victoria Pendleton, que levou um ouro e uma prata. "Há tanta competição para entrar na equipe britânica que simplesmente você não é selecionado se não tem chances reais de medalhas", disse. "Se eu ganhasse o bronze, viraria cinzas e meu sentimento seria de que o mundo acabaria."
Porta-bandeira do time inglês, o também ciclista Chris Hoy faz questão também de apontar para o papel que as vitórias estão tendo na sociedade. "Por anos os britânicos ficaram acostumados a não esperar nada de nossas equipes, até no futebol", disse. "Mas isso mudou e há jovens que só conhecem hoje o sucesso."
Para ele, a torcida e o desempenho dos atletas criaram uma "química perfeita". "Parece que a torcida nem se importa mais com o ouro. Os Jogos se transformaram em uma incrível festa, que parece ser um pouco de sol entre tantas notícias ruins que tivemos por meses, por causa da economia", disse.
PATRIOTISMO
"Não se via nada assim, em termos de reação popular, desde o fim da Segunda Guerra Mundial", disse Orla Chennaoui, especialista olímpica da rede SkyNews. "Estamos vivendo uma onda de patriotismo que a atual geração simplesmente não conhecia", completou. Regada a cerveja e com Rolling Stones tocando nos alto-falantes, a festa no Velódromo deixou os próprios atletas surpresos. "Parecia que o teto ia explodir’, disse ao Estado Laura Trott, ciclista que conquistou duas medalhas de ouro.

Jacques Rogge, presidente do COI, também destacou o sucesso dos britânicos como um fator fundamental para o êxito dos Jogos e para os índices de audiência. "No geral, posso dizer que foram Jogos muito bons e sou um homem muito feliz", disse. "Acho que todos estão felizes."

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